segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Perfect strangers

Ontem estava vendo um filme, muito bom por sinal, apesar de ser um tanto quanto triste. Na verdade, bem triste. Mas como estava dizendo, o filme se chamava “Minha vida sem mim”, produzido por Pedro Almodóvar, o que já sugere uma sensibilidade fora do comum. Conta a história de uma jovem de vida simples, que descobre ter uma doença terminal e faz uma lista de coisas pra fazer antes de morrer.

Bom, isso já da uma história bem interessante, afinal, o que você faria se descobrisse que tem pouco tempo de vida? Bem, mas o que eu queria comentar desse filme foi uma frase que me fez pensar. Em determinado momento da história, durante um diálogo, o amante diz pra ela que não sabia muito a respeito dela, mas que “ao olharmos pra uma pessoa, conseguimos saber até 50% sobre ela, querer saber o resto é que estraga.”. Ta ai, concordo em gênero, número e grau.

Quando a gente conhece uma pessoa, falando agora de simples amigos, acho que talvez chegamos a conhecer muito dele, um pouco mais que os 50% quem sabe, e mesmo assim já é o suficiente, saber tudo, tudo a respeito de alguém é quase impossível, e insistir nisso é invadir o espaço do outro. Agora falando de alguém que a gente conhece pra ter um relacionamento, pra estar com a gente. Primeiros dias, às vezes semanas da relação é de descobertas positivas, a gente só enxerga no outro coisas positivas, apenas coisas que nos agradam, as coisas que temos em comum e outras que admiramos. Bem, passada a euforia inicial, começamos a conhecer os pontos em que não combinamos tanto, que não concordamos tanto, mas ainda assim é algo digamos do superficial, do que se deixa a mostra, e acho que ai chegamos aos 50%, e é o momento em que sabemos se o relacionamento tem futuro.

Mas e agora, por que não ir além dos 50%?? Bem, podemos ir além, talvez até uns 60%, mas isso significa penetrar medos, inseguranças, fraquezas, que talvez nem a pessoa conheça dela, e que talvez ela não queira revelar. Você já pensou se se conhece inteiramente? Acredito que ninguém conheça 100% de si mesmo, e que todos nós gostamos de ser um pouco misteriosos, além do que existem coisas que não gostaríamos de revelar e que os outros não iriam gostar de saber. Há um tempo atrás estava lendo textos de Martha Medeiros, uma cronista aqui do RS, e me deparei com uma frase, com a qual me identifiquei: "Mantenha-se atrás da faixa amarela, não chegue muito perto, não acerque-se de meus traumas, não invada meus mistérios, não atrite-se com o meu passado, não tente entender nada: é proibido tocar no sagrado de cada um", uma frase incrível, e que traduz exatamente a mesma coisa que a fala do amante da moça do filme, acho que isso é uma coisa que a vida nos ensina, entre tantas outras, cada um de nós merece nosso próprio espaço. Não que as pessoas não gostem que a gente tente descobrir, entender, saber o que elas gostam, tentar conhecer, é até uma forma de demonstrar interesse pelo outro, mas temos sempre que lembrar que tudo tem um limite, como o refrão da minha música favorita do Deep Purple que diz:

“And if you hear me talking on the wind
You've got to understand
We must remain
Perfect strangers”



3 comentários:

Unknown disse...

um texto bom com o titulo de uma musica boa feita por uma escritora boa....boa pra se toca no lixo dando um chute....auhauhaua

Caroline disse...

UHAIEHIUAHEIUAHEIHAIHEAIHIEUA
Já vi que os nossos blogs vão ter muita letra de música!
Bom texto inhame! ;]
E é sempre bom manter o ''mistério ''do romance!

auehuihiuahiue ;]

Te aaamo! ;@@@

Viniko disse...

Adorei o texto o/
Sabia que iam sair coisas boas ;D

;*****