quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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O mais difícil sempre, em qualquer coisa que se queira escrever, a meu ver, é o começo...

Acabo nunca sabendo que palavras usar, se devo enrolar, se devo ser misteriosa, instigativa ou simplesmente ser direta, não sei, mas o fato é que tudo necessita de um início.


Analisando mais profundamente as coisas em geral, a vida, percebo que o mais difícil em tudo é sempre dar o primeiro passo, e essa dificuldade muitas vezes acaba nos acovardando e nos fazendo desistir de algo que realmente achávamos importante, indispensável.


Gosto de ir direto ao ponto, ser sincera, mas ultimamente, ainda não entendo bem o porquê, tenho tido dificuldade em falar. Não a dificuldade de articular palavras, claro, mas sim a dificuldade de dizer coisas que necessitam ser ditas, mas que outras pessoas podem não gostar ou não entender.
Penso que o maior problema nesse caso é o grau de aproximação que se tem com quem se precisa falar, ou o tipo de relação, o que pode amedrontar ou fazer com que nós desistamos.

É claro que não queremos correr riscos, quando fazemos uma critica ou uma reclamação, é porque realmente temos motivos para isso, ou pensamos que temos, e isso não deveria ser motivo de medo ou censura a nossas palavras, mas nem sempre conseguimos nos fazer entender. Ninguém é perfeito, ninguém é ausente de falhas, mas todos nós precisamos tentar compreender e ser compreendido.


Floreios a parte, faz muito tempo que quero fazer um texto sobre confiança, e como é difícil adquiri-la e cultivá-la. Li uma frase de Drummond uma vez que dizia: “A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio.”, gosto muito de Drummond, mas tive que discordar dessa frase. Pergunto: Existe confiança sem raciocínio? Talvez sem raciocínio lógico sim, mas nunca sem nenhum tipo de raciocínio, mesmo que este seja paranóico. Em uma analise um tanto mais profunda, diria que até pode ser uma fé, mas que essa necessita de provas para começar a existir, precisa de algo em que se apoiar, precisa acreditar que pode acreditar, precisa antes de tudo de algum raciocínio.


Pois então, depois de adquirida nossa fé na pessoa, o que não é fácil, depois de acreditar quando tudo mais pode dizer o contrário, eis que o contrário realmente acontece, e uma pequena coisa, uma coisinha ínfima acaba por extinguir toda a crendice que conseguimos desenvolver... e é quase impossível voltar a crer.


Há uma frase de Nietzsche que gostaria de citar, apesar de achar Nietzsche uma das pessoas mais descrentes que já viveu, descrente principalmente das mulheres! A frase: “ Fiquei magoado não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te.” Uma frase verdadeira, todos nós depois de magoados uma vez custamos a esquecer, ou não esquecemos nunca, e sempre que permitido acabamos voltando a antigas mágoas, o que apenas desgasta mais qualquer relação.


Dizemos que perdoamos, mas na realidade aquilo ainda vive em nós, nos mina, e pouco a pouco consome qualquer resquício do que se acreditava antes, mas não temos coragem de falar como nos sentimos, pois não sabemos como a pessoa irá reagir perante isso, perante inseguranças. Isso é um erro, e quanto mais insistirmos nisso, apenas conseguiremos acabar com o que sentíamos de bom pela pessoa, e ai não há mais volta. Arrisque, fale sempre, o diálogo é a melhor solução. O máximo que irá ocorrer é antecipar um acontecimento que não se tem como evitar. Quem não entende, não compreende, também não confia, e também não merece confiança.

2 comentários:

Caroline disse...

Ótimo texto! :}
Mas acho que dependendo do quanto a pessoa é importante pra nós, ela sempre merece outra chance.
Ela só tem que saber aproveitar e não persisitr no erro e com tempo a confiança se renova, embora isso seja difícil! :|
Te amoooo! (LL)
;@@

Hugo disse...

Adorei o texto, cujo o ínicio foi bem oportuno pro tema que vc queria abordar. Ou seja, quando a gente começa a escrever vai bolando e moldando um jeito, até ficar agradavel pra ideia que vamos tratar.
Quando realmente queremos algo, às vezes bate a insegurança de dar o primeiro passo errado e fazer melar um sonho ou desejo antigo.
Discordo em relação a frase do Drummont, talvez ele queira dizer que a confiança está ligado a um instinto ou característica da pessoa, e que por isso deve ser espontanea.
E outra coisa, quando tomamos a decisao de perdoar alguem que seja por inteiro, nao adianta fazer pela metade, é necessario cumplicidade para nao ficar jogando na cara depois.